segunda-feira, 29 de junho de 2015

Viagem de ônibus

     Durante meu intercâmbio na Itália,  viajei muito. Eu que nunca nem tinha andado de avião, acostumei e enjoei durante esse ano. Mas, apesar de todas as sensações e alegrias que viagens de avião, trem, carro trazem, nada se compara a uma longa viagem de ônibus.
     Eu, moradora de Nova Iguaçu e que precisa residir num ônibus por volta de quatro horas por dia, aprendi a apreciar alguns lados de uma boa viagem. 
     Não preciso nem reclinar a cadeira para dormir, uma janelinha fria já é o suficiente (galo na cabeça é rotina). Um lugar pra encostar os pés é felicidade. Wifi e tomada? Cheguei ao paraíso! Mas, além de qualquer uma dessas coisas, poder ficar horas encarando o mundo por trás de uma grande janela. 
     Ver um enorme campo de girassóis na Espanha, as luzes durante a noite nas cidades italianas ou simplesmente os carros, empresas e emoções da Avenida Brasil. Cada detalhe do mundo, dos mundos, à nossa vista. E poder se perder em pensamentos, planejar um futuro diferente em casa ponto, ver as pessoas do lado de fora e imaginar como são suas vidas, olhar pra dentro de si e se autoanalisar. Não existe um psicólogo como o ônibus (que me perdoem os psicólogos). Mas, a quantas conclusões já cheguei depois de horas num engarrafamento? Claro, com a loucura do trânsito, algumas conclusões nem faziam sentido depois de trinta minutos.
     Não importa, o que importa é o prazer de pensar, de ter uma conversa consigo mesmo, se autoapreciar e ver o mundo passando enquanto isso. Pronto pra receber a nova pessoa que sairá dali.
     Ah, nada como um bom ônibus de viagem! O lugar onde todo desconforto vira prosa.

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